The search for international status is a historical feature of Brazilian foreign policy. Among the strategies to project the country abroad, environmental policy is an important tool. It helped to propel Brazil as a relevant player in the world between the 1990s and 2010s. However, the destruction of the Amazon became a symbol of Brazilian isolation under Bolsonaro. Based on theories of status in IR, this article analyzes interviews with the foreign policy community of the P5 and reveals the external perception that environmental leadership can help Brazil to achieve an important role in world politics.
A busca por status internacional é uma característica fundamental e histórica da política externa brasileira. Entre as estratégias usadas para tentar projetar o país no exterior e tentar torná-lo uma grande potência, a política ambiental pode ser compreendida como uma mola de propulsão do prestígio internacional. Por um lado, a liderança ambiental ajudou a impulsionar o Brasil como ator importante no mundo entre as décadas de 1990 e 2010 (Karlsson et al. 2011; Riethof 2020; Vale & Marques 2022; Barros-Platiau 2010; Yamin 2014). Por outro, a desregulamentação e a destruição da Amazônia tornaram-se símbolos do isolamento brasileiro sob Jair Bolsonaro (Buarque 2022a; Casarões & Flemes 2019; Bonin 2021; Georgiou 2019; Buarque 2020; Ferreira et al. 2014; Toni & Feitosa Chaves 2022). Essa liderança também tem sido apontada como uma das prioridades do governo de Luiz Inácio Lula da Silva na tentativa de buscar um lugar de destaque para o Brasil no mundo após voltar ao poder em 2023 (Buarque 2022b; Della Coletta & Chaib 2022; Valor Econômico 2023; Winter 2023).
Construído sobre um arcabouço teórico de status em relações internacionais, este artigo parte do princípio de que a posição de um país na hierarquia global depende de como ele é intersubjetivamente percebido por outras nações (especialmente as que já têm status elevado), e usa uma metodologia qualitativa para entender a relação entre a questão ambiental e o reconhecimento internacional do Brasil como um ator importante na política global. Seu objetivo central é entender qual a percepção externa sobre a importância da liderança ambiental para a construção do prestígio do Brasil no mundo, bem como qual é a relação entre o meio ambiente e a imagem do país.
[A] posição de um país na hierarquia global depende de como ele é intersubjetivamente percebido por outras nações (especialmente as que já têm status elevado) (...).
Para responder a essas perguntas, o artigo desenvolve uma Análise Temática Reflexiva (ATR) de dados primários de 60 entrevistas selecionadas de um total de 94, realizadas entre 2018 e 2019 com membros da comunidade de política externa (CPE) do P5 – os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU: Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China – sobre o nível de prestígio do país e suas estratégias na tentativa de se projetar internacionalmente. A partir disso, o artigo discute o papel da política ambiental na construção do prestígio brasileiro no exterior. A principal hipótese levantada é a confirmação de que a política ambiental é vista como importante ferramenta para a promoção do país no exterior.
O texto está dividido em sete seções. Após esta introdução, apresenta um panorama da busca do Brasil por prestígio, segue com uma discussão sobre as teorias de status em Relações Internacionais (RI) e apresenta a metodologia empregada. As seções seguintes discutem como a política ambiental se apresenta como caminho para a construção de status e as percepções dos entrevistados sobre a questão ambiental e o papel do Brasil no mundo. Para encerrar, a conclusão reflete sobre os resultados dessa análise e sua importância para a política externa brasileira.
O MEIO AMBIENTE E A BUSCA DE PRESTÍGIO
A busca do Brasil por maior prestígio internacional está bem documentada e é compreendida como parte da história da diplomacia do país (Ricupero 2017; Lafer 2001; Esteves, Jumbert & Carvalho 2020; Larson & Shevchenko 2014; Stuenkel & Taylor 2015; Mares & Trinkunas 2016; Stolte 2015). A CPE brasileira vê um papel internacional mais forte para o país como uma das prioridades do Brasil (Souza 2008; 2002). Muitas das estratégias internacionais do país têm sido associadas a essa busca por mais prestígio global, como a longa disputa por um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas (Andrade 2012; Garcia 2011; Vargas 2008; Arraes 2005; Mendes 2015), a sua abordagem para uma relação mais próxima com a África nos anos 2010 (Stolte 2015), a sua participação em operações de manutenção da paz da ONU (Kenkel, de Souza Neto & Ribeiro 2020; Hamann & Jumbert 2020), a sua forte posição nos debates internacionais sobre governança global (Hamann & Jumbert 2020; Ricupero 2017; Lafer 2009) e seu papel em fóruns multilaterais como BRICS e IBAS (Pant 2013; Hurrell 2010; Larson & Shevchenko 2019), entre outros.
A construção de um papel de liderança ambiental também aparece com frequência entre as estratégias usadas pelo Brasil para se projetar internacionalmente e ampliar seu status (Stuenkel & Taylor 2015; Chatin 2016; Loyola 2014; Riethof 2020; Ferreira et al. 2014; Franchini & Viola 2019). A estratégia de usar a política ambiental como caminho para aumentar o status do Brasil, entretanto, é complexa e aberta a diferentes interpretações. Por um lado, fica claro que a participação ativa do país nas negociações globais contra o aquecimento global levou a um maior reconhecimento sobre a importância do Brasil no mundo. Por outro lado, é difícil mensurar o grau de status efetivamente conquistado pelo Brasil por essa via, e é fácil perceber que, mesmo dentro da política ambiental, o alcance da liderança brasileira não é tão importante quanto o país gostaria que fosse.
Na virada da primeira década do século XXI, alguns dos esforços do Brasil para se mostrar como um líder global na questão ambiental pareceram dar resultado positivo. O país despontou por sua luta contra o desmatamento, seu uso de energias renováveis e seu papel de destaque em fóruns internacionais como as Conferências das Nações Unidas sobre Sustentabilidade e Desenvolvimento. A participação marcante na COP 15, em Copenhague, e a realização da conferência Rio+20, em 2012, foram os pontos altos dessa projeção internacional do Brasil (Ferreira et al. 2014; Mittermeier et al. 2010; O’Neil 2010; Charlton 2013; Barros-Platiau 2010; Yamin 2014; Riethof 2020; Franchini & Viola 2019).
A trajetória da política ambiental do Brasil até os anos 2010 foi reforçada por uma mudança na agenda mundial no final do século XX, com a emergência do aquecimento global como uma questão de primeira importância no debate internacional. O país usou suas credenciais de ter a maior parte do território da Floresta Amazônica e por ser um dos líderes em uso de energias renováveis. Ele também se beneficiou pelo fato de as negociações climáticas serem complicadas, o que impossibilitou que potências estabelecidas como os Estados Unidos e a Europa conseguissem decidir sozinhas os rumos da governança climática do mundo e precisassem do apoio de países emergentes. Essa questão ajudou o Brasil a se consolidar como um ator de destaque nas negociações, uma possível ponte entre os poderosos países do Norte e o Sul Global (Diaz & Almeida 2008; Larson & Shevchenko 2014; Lopes, Casarões & Gama 2020; Hurrell 2018; Riethof 2020; Lessa, Becard & Galvão 2020; Mittermeier et al. 2010; Lafer 2001).
Apesar dos evidentes resultados positivos da tentativa de melhorar o status do país por meio da liderança ambiental, essa ascensão brasileira enfrentou desafios desde o início. Isso ocorre em parte porque as mudanças climáticas não são apenas uma questão ambiental, mas também envolvem discussões econômicas, sociais e principalmente de segurança, áreas sobre as quais o Brasil não tem tanto poder e influência globalmente, enquanto as potências tradicionais continuam monopolizando a liderança (Barros-Platiau 2010; Ferreira et al. 2014; Loyola 2014; Karlsson et al. 2011).
Esses desafios se multiplicaram a partir das eleições presidenciais de 2018. A preocupação global com as questões ambientais relacionadas ao Brasil e à Amazônia dominou a imagem dos primeiros anos do governo de Jair Bolsonaro a partir da perspectiva externa e colocaram em xeque qualquer liderança do país na governança climática global (Buarque 2022a; Casarões & Flemes 2019; Araújo 2021; Bonin 2021; Carrança 2021).
STATUS NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Para analisar a importância da política ambiental de um país para o seu nível de prestígio global, este artigo se baseia no arcabouço teórico de status em relações internacionais (RI), abordagem que aparecia ofuscada nos estudos da área, mas que tem se tornado mais relevante nas últimas décadas. Em RI, status é a linguagem que os Estados tradicionalmente usam para discutir posições de poder. Ele influencia a maioria das trocas entre Estados, pois define noções de super e subordinação em uma sociedade global estratificada e leva à competição por níveis de posição e prestígio que podem, em última análise, gerar tensões, conflitos e até guerras (Clunan 2014; Larson & Shevchenko 2019; Lebow 2010; MacDonald & Parent 2021; Paul, Larson & Wohlforth 2014; Lake 2014; Stuenkel & Taylor 2015; Renshon 2017).
Status é tradicionalmente estudado em disciplinas como Sociologia e Economia, e costuma ser definido como a classificação ou posição de um ator na hierarquia de um grupo (Weber 1946; De Botton 2008; Goffman 1951; Gilady 2017; Weber & Tribe 2019; Neumann 2014; Veblen 2007). No século XXI, o tema tornou-se o centro das atenções de estudiosos de RI, área na qual o conceito se constitui em torno da ideia de que a ordem mundial é estratificada e que existem hierarquias sociais no planeta. Essa nova abordagem tem sido fundamental para apontar as limitações das teorias tradicionais que não incluem temas relacionados ao reconhecimento e prestígio em sua avaliação da propensão à guerra e à paz no âmbito internacional. Enquanto a política internacional geralmente assume que opera sob condições de anarquia e igualdade, sem uma estrutura governamental centralizada responsável pela ordem mundial e governança global, esse fato não explica a variação nas condições políticas internacionais (Larson & Shevchenko 2019; Lebow 2010; Paul, Larson & Wohlforth 2014; Renshon 2017; Markey 1999).
Com essa nova abordagem em RI, status tem sido definido como o reconhecimento da classificação de um Estado em relação a outros Estados e consiste em crenças coletivas sobre a sua posição e filiação dentro da estratificação internacional. Esse conceito reforça a importância de entender o que “os outros” pensam sobre um determinado Estado na definição desse status, pois a classificação depende do reconhecimento do nível de prestígio de um Estado pelos outros membros dessa sociedade global (Carvalho, Jumbert & Esteves 2020).
Status, portanto, é uma posição reconhecida em uma hierarquia social, implicando relações de dominação e deferência. É socialmente construído e só alcança significado por meio de crenças intersubjetivas e processos sociais. Trata-se de um conceito que depende de crenças coletivas sobre a classificação de um determinado Estado em uma variedade de atributos como riqueza, capacidades coercitivas, cultura, demografia, organização sociopolítica e influência diplomática (Wohlforth 2014; Wohlforth et al. 2018; Paul, Larson & Wohlforth 2014). A questão ambiental tem se tornado um tema fundamental nas questões de política internacional, nas últimas décadas, e também tem se consolidado como importante determinante do status de um Estado (Vale & Marques 2022; Esteves, Jumbert & Carvalho 2020).
Para analisar o caso do Brasil, como proposto por este artigo, é preciso entender o status que lhe é atribuído por outros Estados do mundo – especialmente aqueles que já têm um nível de prestígio mais alto e têm mais autoridade ao tratar do reconhecimento dos emergentes que tentam atingir o reconhecimento como um “par” entre as grandes potências internacionais.
Essa dependência de crenças coletivas torna o conceito altamente subjetivo, pois não se trata de um simples reflexo dos atributos materiais de um Estado, mas sim depende das percepções externas sobre ele, refere-se a crenças sobre a classificação relativa de determinado Estado (Paul, Larson & Wohlforth 2014). Esse ponto explica por que é fundamental considerar a percepção externa a respeito de um país a fim de entender o seu status internacional. Para analisar o caso do Brasil, como proposto por este artigo, é preciso entender o status que lhe é atribuído por outros Estados do mundo – especialmente aqueles que já têm um nível de prestígio mais alto e têm mais autoridade ao tratar do reconhecimento dos emergentes que tentam atingir o reconhecimento como um “par” entre as grandes potências internacionais.
METODOLOGIA
A fim de avaliar as crenças de atores externos a respeito do Brasil e assim avançar no entendimento sobre o status internacional do país, este estudo se baseia em um recorte de uma pesquisa qualitativa mais ampla sobre as percepções a respeito do status internacional do país. Ele parte da análise de dados primários de 94 entrevistas semiestruturadas com membros da CPE do P5, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. Por CPE, este estudo refere-se a um universo de indivíduos envolvidos na formulação de política externa ou que contribuem significativamente para a formação de opinião sobre relações exteriores nos países aqui analisados. O grupo é formado por pessoas que têm um conhecimento mais profundo e diferenciado sobre o Brasil e suas relações com o país que representam (Esteves & Herz 2020; Esteves, Jumbert & Carvalho 2020; Souza 2002; 2008).
Desse universo, 60 entrevistas (12 referentes a cada país do grupo) foram selecionadas por sua relevância e sistematicamente estudadas por meio de uma Análise Temática Reflexiva (ATR). Esse método, tomado emprestado da psicologia, serve para entender a percepção intersubjetiva de um grupo sobre um determinado ator, ajudando assim a revelar o status dele. O número de entrevistas sistematicamente analisadas foi definido para garantir um equilíbrio entre a representatividade por Estado de origem das fontes e um equilíbrio entre o tamanho e a profundidade da discussão nas entrevistas analisadas. A fim de garantir anonimidade aos entrevistados, os nomes foram suprimidos na apresentação dos resultados, mas a lista de fontes inclui pesquisadores de think tanks, acadêmicos, diplomatas (incluindo dez ex-embaixadores que serviram no Brasil), jornalistas, empresários e políticos. Os dados foram tratados aqui como sendo uma representação geral do CPE do P5, e embora as entrevistas sejam variadas e ofereçam pontos de vista muito diferentes e interessantes, essas informações não foram mais exploradas por falta de espaço e tempo neste artigo.
Ainda que seja questionável que tal grupo seja o responsável direto pelas políticas das grandes potências em relação ao Brasil, seus componentes podem ser entendidos como uma amostra da comunidade de pessoas envolvidas em discutir o país nos altos níveis da política e diplomacia, ajudando a gerar o mencionado conhecimento comum sobre o país em cada um desses Estados (Clunan 2014; Dafoe, Renshon & Huth 2014; Rosecrance et al. 1974). Uma abordagem semelhante de focar nas opiniões do FPC de um país foi usada no Brasil para determinar as prioridades internacionais da diplomacia do país (Souza 2002; 2008), enquanto outros estudos sobre o status internacional das nações se basearam nesse conceito como meio para avaliar os interesses das nações, bem como suas realizações. Como explicam Esteves e Herz, diplomatas, acadêmicos e especialistas em política externa podem ser descritos como repositórios de memórias coletivas, práticas e representações específicas que estruturam sua interação e seu discurso (Esteves & Herz 2020, 114). Ainda que não seja um grupo homogêneo, eles têm destaque por formarem uma comunidade que compartilha um campo de política externa e seu imaginário e pode mobilizar conceitos para a mudança política (Doty 1993; Esteves & Herz 2020; Guzzini 2012; Weldes 1996).
A Análise Temática Reflexiva é um método que permite ao pesquisador ver e dar sentido aos significados e experiências, usando abordagens dedutivas e indutivas (Braun & Clarke 2012). Estudos consolidados em psicologia propuseram um guia passo a passo para a execução desse tipo de análise qualitativa, com seis etapas básicas: 1. Familiarização com os dados; 2. Geração de códigos iniciais; 3. Desenvolvimento de temas; 4. Revisão de temas; 5. Definição de temas; e 6. Produção do relatório (Braun & Clarke 2006).
As entrevistas semiestruturadas usadas nesta pesquisa foram realizadas entre março de 2018 e março de 2019. As entrevistas semiestruturadas seguiram um protocolo sistematicamente elaborado, composto por oito perguntas. Os informantes foram questionados sobre sua percepção sobre o Brasil, sua experiência no país, a imagem do país em sua própria nação, sua percepção sobre a agenda internacional e os interesses do Brasil nos assuntos globais, bem como o papel do país, seu status e o que eles pensam que o país pode alcançar internacionalmente. As entrevistas foram transcritas e analisadas com o software NVivo. A análise resultou em um total de 610 códigos diferentes, que foram agrupados nos nove temas principais.
Este artigo enfoca um desses nove temas, avaliando as imagens do Brasil de acordo com o FPC do P5. A seção seguinte aborda as principais conclusões deste estudo sobre o Brasil. Apresenta também a análise dos dados e citações selecionadas nas entrevistas para reforçar o argumento desenvolvido a partir da análise.
POLÍTICA AMBIENTAL E AMPLIAÇÃO DO STATUS DO BRASIL
O desenvolvimento de poder econômico foi apontado pela CPE do P5 como o principal caminho através do qual o Brasil pode ampliar seu status e buscar tornar-se uma potência global. Visto como uma forma de hard power, ele apareceu na pesquisa mais ampla sobre o nível de prestígio do Brasil que deu origem a este artigo como a principal estratégia que o país deve usar – além de pensar também no poder militar. Ainda assim, de acordo com os entrevistados, um Estado como o Brasil pode também trabalhar para construir, aos poucos e de forma gradual, um histórico de importância internacional, focando em questões que estejam ao alcance de um país que não é uma grande potência.
Entre essas alternativas, a questão ambiental se destaca. Ela serviria para estabelecer o país como um ator importante para ajudar a resolver assuntos do cenário internacional e trabalhar em temas regionais e multilaterais que podem se beneficiar da participação de países menos poderosos para aumentar gradativamente o seu nível de prestígio. A análise dos dados coletados em entrevistas indica que, mesmo que isso não seja suficiente para catapultar um país para um status elevado, esse caminho poderia ajudar a estabelecer uma presença importante como um ator global, construindo lentamente uma influência que, juntamente com outras fontes de prestígio, pode ajudar a aumentar o status.
Esse é um dos resultados da análise das entrevistas sobre o status do Brasil. Ele é baseado no tema de análise “Caminhos alternativos para a conquista de status”, desenvolvido a partir da ATR das entrevistas com a CPE das grandes potências. Esse foi o quarto tema mais prevalente entre todos os nove desenvolvidos a partir da análise dos dados. Mesmo se tratando de uma pesquisa qualitativa sem foco na análise de dados numéricos e quantidades de referências, trata-se de uma proporção bem importante no contexto geral da percepção sobre o status do Brasil.
O tema selecionado para a análise deste artigo foi elaborado a partir de 13 subtemas de códigos registrados em 53 das 60 entrevistas, com ligação com 384 referências diferentes à mesma ideia. De acordo com a avaliação da CPE das grandes potências, algumas das principais área de atuação e estratégias que poderiam ajudar o Brasil a melhorar seu nível de prestígio são: liderança ambiental global – caso analisado neste artigo –, liderança regional; multilateralismo e construção de poder institucional em diferentes fóruns internacionais; atuação da que é considerada uma das melhores diplomacias do mundo; participações em Operações de Paz da ONU; participação no BRICS; política democrática; mediação de conflitos internacionais; políticas de alimentação e agricultura, força de lideranças políticas populares (como Lula e FHC); e políticas de não proliferação nuclear.
A política ambiental e a liderança nessa área foram apresentadas entre os principais caminhos apontados pelos entrevistados como alternativas possíveis para elevar o status do Brasil. Esse subtema foi o quarto mais mencionado pelos entrevistados: esteve presente em 16 das entrevistas e foi identificado em 44 referências na análise. Por se tratar de um estudo qualitativo, entretanto, mesmo que tenha sido menos citada do que estratégias como a liderança regional, o profissionalismo diplomático e o multilateralismo, a questão ambiental se mostra importante pela forma como foi abordada pelos entrevistados e pelo enfoque dado a ela ao tratar de estratégias para ampliar o status do Brasil. Um dos pontos centrais é que esses outros caminhos para a construção de prestígio citados com maior frequência podem ser usados por vários outros países que busquem prestígio, enquanto a questão ambiental é particularmente associada à ideia do Brasil por conta da centralidade do país na discussão sobre aquecimento global e proteção da Amazônia. O tamanho e a posição do Brasil, bem como a natureza em seu território, oferecem ao país uma oportunidade especial de se diferenciar de outras nações que buscam status.
O subtema Ambiental desenvolvido na análise das entrevistas foi composto por seis códigos básicos registrados na análise dos dados e relacionados à ideia da questão ambiental como impulsionadora do status do país:
Entre as fontes que trataram da questão ambiental ouvidas nessa pesquisa, a posição a respeito da sua importância para o papel que o Brasil busca ter na política internacional foi unânime. Apesar de serem vozes de áreas e países variados, todos os que mencionaram o meio ambiente defenderam o seu valor para o país. É importante ressaltar, entretanto, que enquanto muitos entrevistados trataram de “caminhos alternativos” para a construção de status, a maioria dos membros da CPE ouvidos avalia que a principal forma de um país como o Brasil ampliar o seu status não é por estratégias que envolvam soft power, como a questão ambiental, e que seria preciso ampliar as capacidades de poder bruto, como a potência militar e econômica do Brasil.
Entre as fontes que trataram da questão ambiental ouvidas nessa pesquisa, a posição a respeito da sua importância para o papel que o Brasil busca ter na política internacional foi unânime.
Na seção abaixo são apresentados alguns dos principais argumentos relacionados pelos entrevistados, revelando a percepção da CPE sobre a importância da questão ambiental para o status do Brasil.
PERCEPÇÕES SOBRE O STATUS DO BRASIL E SUA POLÍTICA AMBIENTAL
O principal ponto da análise apresentada aqui é que a política ambiental pode ser um caminho através do qual o Brasil pode desenvolver seu prestígio internacional. De acordo com um pesquisador do think tank britânico Canning House, a questão ambiental é a melhor forma pela qual o Brasil pode se projetar internacionalmente como um país importante: “Todo mundo pensa no meio ambiente e na Amazônia quando pensa no Brasil, então essa é uma área relativamente fácil”, disse. Essa é uma visão que reforça a ideia de que o meio ambiente pode ser um diferencial do Brasil na busca por status, algo que nem todos os países têm. A diretora do mesmo think tank, também entrevistada na pesquisa, ecoou a avaliação. Segundo ela, indo além da questão econômica, a estratégia mais importante para o prestígio do Brasil é a política ambiental: “A outra peça que todo mundo olha para o Brasil é que há uma influência enorme lá do meio ambiente. E a influência da Amazônia no mundo. Essa é uma questão importante. É uma dimensão muito particular do prestígio do país”, opinou. Mais uma vez, isso reforça o quanto se trata de algo particular do Brasil, um diferencial na busca do país por status.
O principal ponto da análise apresentada aqui é que a política ambiental pode ser um caminho através do qual o Brasil pode desenvolver seu prestígio internacional.
Segundo uma jornalista que trabalhou na Xinhua, agência estatal chinesa de notícias, por exemplo, a questão ambiental é reconhecida na China como o grande ativo de soft power do Brasil no campo internacional:
A China percebe isso. Em entrevistas que fiz com diplomatas chineses, eles tocavam muito na questão do meio ambiente e da postura do Brasil nos mecanismos globais e multilaterais em relação ao meio ambiente como algo que serviria de lição para a China. Eles têm muito o discurso de trocas, então o Brasil poderia ensinar à China sobre política ambiental. Os chineses viam isso como o maior ativo do Brasil no palco internacional. A China, no governo Xi Jinping, tem como prioridade o combate a riscos financeiros, miséria e poluição. E o Brasil poderia eventualmente ajudar nisso. A China olha para o Brasil como um país que tem uma política ambiental consistente e que pode ajudar nisso.
Essa estratégia é importante não apenas por poder ser usada pelo Brasil, mas também porque atrai os olhares de fora para as ações do país. De acordo com outro dos entrevistados, cientista político da universidade do Arizona, a política ambiental é algo que chama muito a atenção do resto do mundo para o Brasil:
Há uma preocupação com a floresta tropical e os oceanos, mas o Brasil é visto como uma voz de liderança nisso há algum tempo. Não é visto apenas como um país que tem a floresta tropical, mas um país que está fazendo alguma coisa [pelo meio ambiente]. O Brasil está lançando políticas ambientais, está tentando encontrar uma maneira de equilibrar o desenvolvimento econômico, a demanda por direitos à terra, salvando a floresta tropical.
Uma professora da Universidade Estatal de São Petersburgo explicou que, na Rússia, é comum se discutir a importância ambiental do Brasil: “Ouvi muito sobre o Brasil ser um dos pioneiros na política ambiental, por exemplo. O Brasil cuidou das questões relacionadas às mudanças climáticas”, disse. De forma semelhante, uma jornalista da Rádio França Internacional relatou ter visto o papel relevante do Brasil nas atuações do país em negociações climáticas globais: “Cobri reuniões da Organização Mundial do Comércio (OMC) e conferências do clima, e o Brasil se colocava como um ator que tem quadros de negociação competentes. Algum tempo atrás, o Brasil estava com essa possibilidade (...) era um momento em que o Brasil estava parecendo poder ser um ator global”, explicou.
Um pesquisador na Universidade de Oxford, no Reino Unido, expôs a relevância da questão ambiental como estratégia para promoção do país, ao avaliar que o Brasil precisa ser pensado não apenas como um país, mas como um continente, pois tem uma responsabilidade, é guardião da Amazônia, e não pode ser comparado com outros países da América Latina: “Isso é muito relevante em termos de o Brasil ter voz e contribuição em coisas como mudanças climáticas. O que é desproporcional. (...) Um bom Brasil pode desempenhar um papel construtivo”, afirmou.
Relato semelhante foi feito por um diplomata britânico, ex-embaixador do Reino Unido no Brasil, que acompanhou a participação do Brasil em conferências do clima, como a Rio+20:
O Brasil tinha, tem, uma projeção bastante positiva no mundo. Fez um grande esforço por meio de seu Ministério das Relações Exteriores para ser representado em todo o mundo e tentar expandir sua influência. Esta é uma área, mudança climática e sustentabilidade, na qual o Brasil é inevitável e inquestionavelmente um grande player. E a Cúpula da Terra ainda é lembrada como um dos eventos mais importantes que já aconteceram nessa área. Então, 20 anos depois, era natural que o Brasil voltasse a sediar. E o Brasil teve um papel extremamente prático como presidente. Lembro-me de como algumas pessoas ficaram pasmadas, inevitavelmente, já que as delegações concorrentes têm visões conflitantes. Houve um certo caos em relação ao documento final, e a cadeira brasileira colocou uma proposta na mesa e disse ‘é pegar ou largar’.
De acordo com um professor da universidade francesa Sciences Po, consultor de temas relacionados ao Brasil na França, “o Brasil é uma potência ambiental”. Segundo ele, isso acontece especialmente por causa da presença da maior parte da Floresta Amazônica em território brasileiro: “O Brasil é importante. O mundo acompanha, se interessa e é crítico. Isso tem um peso. Isso existe. Mas é por conta da floresta, não é por conta do Brasil. Quando o Brasil de repente faz alguma coisa, pode gerar interesse”, explicou. A ideia de ser uma potência ambiental é uma evidência da importância dessa área para a projeção internacional do Brasil.
Um pesquisador do think tank americano Carnegie Endowment for International Peace resumiu bem essa percepção durante entrevista concedida para esta pesquisa. Segundo ele, o Brasil "tem um papel global no sentido de que faz parte de países importantes nas questões globais como as mudanças climáticas, na criação de políticas. É um ator nos processos globais mais amplos".
CONCLUSÃO
Este artigo buscou avaliar a percepção externa sobre a importância da liderança ambiental para o status do Brasil e a relação entre o meio ambiente e a imagem do país. A análise das entrevistas com a CPE do P5 revela que o meio ambiente, e especialmente a Floresta Amazônica, é um ponto fundamental da forma como o país é visto de fora, com grande influência sobre a imagem internacional do Brasil. Além disso, a política ambiental é percebida como uma importante ferramenta para o Brasil na busca pela ampliação do seu status internacional. Temas ligados ao meio ambiente estão entre as impressões mais importantes que estrangeiros têm a respeito do país. Isso é especialmente evidente por conta da percepção externa sobre a presença da maior parte da Floresta Amazônica no território nacional e pelo papel de negociador de peso em fóruns internacionais de debate sobre políticas contra o aquecimento global, desempenhado por décadas. Dessa forma, a política ambiental é vista como um dos possíveis focos a serem adotados pelo Brasil na tentativa de atingir um status mais alto. E é especialmente relevante por ser um diferencial do país em relação a outros Estados que podem buscar ampliar seu prestígio. Por conta da Amazônia e de outras das suas riquezas naturais, o país tem uma vantagem comparativa ao usar a questão ambiental e a luta contra o aquecimento global como estratégia para buscar mais prestígio no mundo.
[O] meio ambiente, e especialmente a Floresta Amazônica, é um ponto fundamental da forma como o país é visto de fora, com grande influência sobre a imagem internacional do Brasil.
Entender essa percepção externa sobre possíveis caminhos para aumentar o status do país e a importância da política ambiental é fundamental para a construção de um projeto de política externa que tenha como objetivo alcançar este interesse histórico do país de ter mais prestígio. Isso porque, como visto, status é intersubjetivo e depende do reconhecimento de atores externos para se consolidar. Para conseguir alcançar esse reconhecimento, portanto, seria preciso convencer a comunidade internacional da importância do Brasil para o mundo, e o meio ambiente é um caminho que já está bem desenhado nesse sentido.
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Recebido: 4 de abril de 2023
Aceito para publicação: 15 de fevereiro de 2024
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