No dia 19 de agosto, o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), em parceria com a PUC-Rio, realizou a mesa redonda “De Francisco à Leão XIV: transição e os desafios para a Santa Sé”, com o Embaixador do Brasil junto à Santa Sé, Everton Vieira Vargas, na Casa da Inovação (PUC-Rio).
O evento teve abertura institucional da Diretora-Presidente do CEBRI, Julia Dias Leite, e comentários e moderação do Pe. Anderson Antonio Pedroso, Reitor da PUC-Rio.
Durante a mesa, o Embaixador Everton Vieira Vargas sublinhou a centralidade da cooperação internacional para enfrentar a crise climática. Ele também ressaltou que a Igreja Católica, ao reafirmar o multilateralismo nos moldes da Carta das Nações Unidas, resgata sua vocação universalista, que transcende Roma e a Europa, e reforça seu papel no diálogo inter-religioso.
Vargas chamou atenção ainda para os desafios éticos e civilizatórios acerca da regulação e do uso de Inteligência Artificial, tema de interesse crescente no Vaticano. O Embaixador recordou que “a paz vai além da linguagem, envolve o espírito e se constrói no coração”.
Em sua fala, apontou também a relevância histórica das relações entre Brasil e Santa Sé, que completará 200 anos em 2026, lembrando a incidência do papel da Igreja na formação histórica do Brasil.
O reitor da PUC-Rio, Padre Anderson Antonio Pedroso, destacou a especificidade da temporalidade da Igreja em contraste com a lógica estatal e a dinâmica política cotidiana, enfatizando que o Vaticano projeta suas ações em horizontes de décadas e até séculos.
Após as conclusões, a Senior Fellow do CEBRI, Aspásia Camargo, proferiu suas contribuições e destacou que vivemos um momento disruptivo de grandes transformações, no qual o pensamento espiritual deve ocupar um lugar de importância nos atuais debates. Para ela, o conceito de aggiornamento (termo italiano para designar “atualização”) significa, no contexto da Santa Sé, uma comunhão que transforma a visão de mundo.
Em suas palavras de encerramento, Vargas ressaltou que o aggiornamento, no contexto contemporâneo, deverá conduzir a Igreja a uma postura menos espectadora e mais participante, projetando-se, assim, um pontificado de Leão XIV marcado por uma atuação ativa na agenda internacional.